LIVRE ARBÍTRIO
DEUSES NÃO INTERFEREM EM NADA!
A imensa maioria dos homens intelectualmente eminentes não
acredita na religião cristã, mas esconde esse fato do público, porque tem medo
de perder sua renda. (Bertrand Russel).
Tem livre arbítrio quem é obrigado
a fazer alguma coisa sob ameaça do castigo de ir para o inferno?
Tem certeza de que você exerce o
seu livre arbítrio? Ou está sob ameaça de ir para o inferno?
Quem tem livre arbítrio? Um preso
numa cadeia, o preso a regras da igreja, ou um ateu livre?
Um filho que está sendo obrigado
a comer algo ou ficar de castigo, está exercendo o seu livre arbítrio?
Se Deus deu o desejo sexual aos
homens, porque as igrejas controlam e reprimem? São mais poderosos que Deus?
Como é que pode um cara criar o
universo e não conseguir controlar os homens? Tem algum erro aí?
Se o homem tem livre arbítrio,
faz o que quer e ninguém o impede, Deus serve pra quê? Só promessas para depois
da morte?
Se mesmo, com o livre arbítrio,
Deus atende as orações, por que não atendeu as toneladas de orações feitas
pelos cristãos, na arenas de Roma, na Rússia (2ª Guerra) no Holocausto dos
"seus escolhidos" judeus, nas pestes que dizimaram metade da Europa,
nos 400 anos de inquisição, e nas balas perdidas no Rio de Janeiro?
O seu Deus deu o livre arbítrio para o homem
provocar o holocausto. O seu deus otiusus, permitiu o holocausto do seu povo
escolhido? Baseado em que, você ama isso? Você ficou feliz também?
Deus quer a felicidade dos
homens? Ou sua humilhação, seu medo, reverência, obediência, submissão e
servidão?
Esse Deus serve pra quê?
Essa conversa mole foi a mais nova invenção para “tirarem o
corpo fora” de deus. Ele deu o Livre Arbítrio e tchau!... Se deus não se
manifesta, se deus não protege, nem ama, e “permite” que tudo de ruim aconteça
com o homem, pra que existe, então? Só para ser reverenciado, adorado e fim?
Quem pode garantir que exista a compensação da vida eterna? E por que, nessas
condições, os crédulos vivem fazendo orações com pedidos de milagres? É uma
contradição, ou não é.
Aos ateus, a solução do LIVRE ARBÍTRIO é muito simples. Não
havendo Deus ou deuses, resta concluir que somos dotados de completa autonomia.
O ateísmo é coerente neste sentido, e vai mais longe.
Em não havendo intervenção divina, a que servem as preces,
oferendas e orações? Se existe o livre arbítrio, todos os pedidos de ajuda não
passam de ilusão, e todas as religiões, portanto, formam um histórico e
lamentável engano.
Os ateus ironizam os religiosos quando diante do paradoxo do
livre arbítrio. Como explicar o fato de Deus ou deuses interferindo no mundo e
na vida? Se admitirmos haver interferência, como sermos livres de fato? E se
tais forças podem mudar o curso de vidas, como haver, por exemplo, um Juízo
Final para julgar quem não foi livre para agir, por sua própria conta? Sem qualquer exceção, as religiões esbarram
nesse paradoxo. Havendo Deus ou deuses, não faz sentido falar em livre
arbítrio, a não ser que não interfiram, o que os torna completamente inúteis.
Portanto, de nada serviriam preces, orações, homenagens,
martírios, enfim, tudo somente faz sentido com a esperança de ser recompensado
depois. Se somos livres de verdade, de
nada servem os deuses. Caso contrário, não podemos ser responsabilizados pelo
que fazemos. Parece não haver saída para isso, restando a cada um optar.
O monoteísmo é recente se comparado ao paganismo. Seu
registro mais antigo vem de Akenaton, faraó egípcio do século XIV a.C. que
transformou em deus único o Sol, tendo, inclusive, mudado seu nome para Aton.
Akenaton foi o Constantino do Egito ao impor o monoteísmo diante de um povo
pagão, mas, fez tantos inimigos entre os privilegiados sacerdotes que a mudança
pouco durou. Logo após a sua morte, os deuses tradicionais foram retomados e
Aton esquecido.
Oriundo do Antigo Egito, o famoso Livro dos Mortos contém as
bases fundamentais do Além, servindo de guia seguro às religiões monoteístas.
Após morrer, no dia do julgamento final, que se fazia com uma balança, símbolo
da justiça e da verdade, cada egípcio deveria pesar seu próprio coração, cujo
resultado o levaria a uma eterna vida de prazeres, equivalente ao Paraíso, ou
ao contrário, seria devorado por uma fera ou jogado no limbo...
Do Judaísmo veio o cristianismo. Juntos, inspiraram o
Islamismo. Portanto, as religiões monoteístas derivam das doutrinas do Egito e
da Babilônia, somadas assuas, e outras que foram sendo agregadas, sincretizadas
nos livros sagrados. SÃO MITOS QUE PERMANECERM devido a um longo tempo de
exposição à ignorância científica, de modo a perpetuar-se na memória dos seus.
São paradigmas que permanecem e que mantém crentes dispostos a matar ou morrer
por seus credos, incapazes de criticar com isenção a frágil condição humana
diante de um misterioso Universo cujos enigmas são ainda maiores e fascinantes.
Parece mais confortável crer em mitos tornados dogmas do que
aceitar a insignificância de um minúsculo planetinha perdido na escuridão,
habitado por povos que se crêem portadores da verdade revelada e com enormes
dificuldades para assimilar a realidade cósmica à qual estamos todos
encerrados.
Os monoteístas por seu lado, defendem que Deus pode
perfeitamente ajudar a todos que o louvam, que pode interceder por eles, tanto
em questões individuais quanto coletivas. Portanto, são como pagãos em suas
preces, orações, procissões, sacrifícios, peregrinações, rituais, oferendas,
provações, homenagens e martírios. Defendem também que Deus, não passa o tempo
todo agindo, que tem outras coisas para fazer, de modo que há uma parcela da
vida sobre a qual a humanidade é dotada de livre arbítrio. Resta o problema de
como discernir as ações livres daquelas sujeitas à intervenção de Deus.
Os ateus defendem o livre arbítrio em sua totalidade. Os
religiosos concordam em parte, mas sem furtar-se da responsabilidade sobre os
próprios atos. O consenso geral é o de que somos dotados de ampla liberdade de
agir, de modo a sermos responsabilizados pelo resultado de nossas ações,
independente de Deus ou deuses. De minha parte acredito e admito que a vida
consciente somente faz sentido com o exercício pleno e irrestrito do livre
arbítrio.
Não se faz necessário grande conhecimento para filosofar,
basta que se tenha angariado alguma formação crítica. Se isso é raro ainda
hoje, o que dizer daquele tempo? Nós todos crescemos subordinados e submissos
às crenças e valores dos nossos educadores, e por “educadores” podemos
entender, no caso, aqueles que exercem influência na nossa formação. Assim,
somos educados dentro de padrões culturais que formatam nossa visão do mundo, fazendo
com que defendamos posições políticas, sociais, religiosas, morais, enfim, sem
sequer entender. Isso chama-se “programação”, algo que existe há milênios.
Nós todos somos programados pela natureza humana e pelas
nossas culturas.
QUANDO ACREDITAMOS, por exemplo, num deus exclusivo,
acreditamos não por convicção própria, mas porque fomos programados a pensar
assim (desde a infância), sem espaço ao menor questionamento. COLOCAR DEUS EM
XEQUE é algo “complicado”, e é por isso que a filosofia segue ainda limitada
pela teologia.
É incrível que, apesar dos esforços do Iluminismo, dos
grandes pensadores da história, SEGUIMOS PRESOS A IDEAIS CONCEBIDOS num passado que cremos não mais existir, mas
que segue vivo e atuante dentro de muitos,
parte constituinte da nossa programação.
É por isso que é difícil estudar história, porque não fomos
programados a nos interessar pela história, afora não nos ter sido passada a
bagagem necessária para compreender o que aconteceu no passado. Quanto mais nos
afastamos do tempo, mais difícil se torna compreendê-lo, tanto para trás, no
estudo do passado, quanto para frente, na projeção do futuro. Somos um
subproduto do presente, e tudo o que podemos fazer fora dele é ousar estudar,
analisar e tentar tirar conclusões, sempre, cumpre lembrar, dentro das
limitações impostas pela nossa própria formação.
A humanidade vive seus dias por conta própria, forçada a construir o seu próprio destino.
Não aquele ritmado por deuses em conflito como no passado. Estamos mesmo, por
conta própria. Essa é a mais pura verdade. DEUSES N ÃO INTERFEREM NA VIDA
HUMANA.
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