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24 de outubro de 2010

Capítulo 61: JEAN JACQUES ROUSSEAU

ROUSSEAU – Confissões de fé do vigário

Jean – Jacques Rousseau (1712-1778) – Nasceu em Genebra, filho de uma família protestante. Escritor autor de diversas obras, pensador francês mais importante do século XVIII, achava que a humanidade fracassou por haver-se afastado da natureza, criando uma civilização artificial, à revelia do instinto, das verdadeiras tendências do ser humano.
Rousseau estudou os aspectos exteriores e o modo de viver dos homens, suas crenças, os códigos éticos e morais e a variedade de comportamentos e convenções que estão por detrás deles. Mas não foi a inteligência, no fundo, que nos prejudicou, e sim a inteligência abafando o instinto. Segundo ele, o homem natural é dotado, desde o nascimento, de livre arbítrio e desejo de perfeição exaltando a inteligência.
Para Rousseau, não se educa a criança para Deus nem para a vida em sociedade, mas sim para si mesma: “Viver é o que eu desejo ensinar-lhe. Quando sair das minhas mãos, ele não será magistrado, soldado ou sacerdote, ele será, antes de tudo, um homem”.

Enquanto o Iluminismo valorizou a razão. Rousseau valorizou os instintos naturais; se o primeiro a inteligência. Ele, considerou o sentimento mais importante e o substrato comum a todos os homens. Nesse processo de relacionamento místico com a natureza, o homem se liga ao seu interior e se basta como se fosse Deus, sem que haja interferência externa.
Sua influência foi enorme: suas idéias de liberdade e igualdade política foram a inspiração teórica dos radicais da revolução francesa e a segunda fase quando se destruíram os restos da monarquia e se instaurou o regime republicano; influenciou as teorias alemãs do estado quase Deus, no século XIX, embora contradissessem – e muito –as idéias de Rousseau.

Na... colina Rousseau, recebeu essas reflexões e pensamentos de um eclesiástico - uma profissão de fé de um vigário(frade).

- ...Se me enganar, será de boa fé; basta isso para que não me imputem o erro a crime, e se tu da mesma forma, te enganasses, também, não havia mal nenhum nisso. Se meu pensar for bom, a razão ser-nos-á comum e igual interêsse teremos em prestar-lhe ouvidos. Amo a verdade, pensava, procuro-a e não a encontro; que alguém ma indique, e eu a abraçarei.
O que aumentava a minha confusão era ter nascido no seio de uma Igreja que tudo decide sem deixar margem à dúvida; rejeitar um ponto equivalia a rejeitar todos os outros, e a impossibilidade de admitir tantas decisões absurdas não me consentia aceitar as que não o eram. Mandavam-me crer em tudo e não me permitiam crer em nada; não sabia onde me deter.
Consultei os filósofos, folhei seus livros, analisei suas opiniões; todos me pareciam arrogantes, afirmativos, dogmáticos, nada provando, zombando uns dos outros e o ponto comum era de que todos tinham razão. Todos em comum um ponto: discutir. Estudá-los, pois, não era o melhor meio de sair da minha incerteza. O essencial era não pensar como os outros.
Compreendi ainda que os filósofos não me desembaraçavam das dúvidas inúteis; multiplicavam, ao contrário as que me atormentavam e não esclareciam nenhuma. Segui, pois, outros caminhos, pensando: Consultemos a luz interior que não me extraviará tanto, e, se errar, o erro, pelo menos, será só meu; se me deixar levar pelas minhas próprias ilusões, não me perverterei tanto como suas falsidades. Levando, pois, comigo, como única filosofia, o amor à verdade que me dispensa da vã sutileza dos argumentos. Quanto mais me penetro e me interrogo, melhor leio essas palavras escritas na minha alma: sê justo e serás feliz.

Dizem-nós que seria necessária uma revelação para ensinar aos homens o melhor meio de servirem a Deus; aduz-se, como prova, a diversidade de cultos extravagantes instituídos na terra, e não se vê que essa diversidade provém da fantasia das próprias revelações. Desde que os povos pensaram que podiam mandar Deus falar, já todos o mandaram falar a seu modo e dizer o que lhes aprouve. Se ouvissem apenas o que Deus diz ao coração dos homens, não existiria senão uma religião no mundo.

Não confundamos o cerimonial da religião com a religião. O culto que Deus solicita é o do coração, e este, quando sincero, é sempre uniforme. Que vaidade louca pensar que Deus tanto se preocupa com a forma dos hábitos do sacerdote, com a ordem de suas palavras, com os seus gestos no altar e todas as suas genuflexões!

Olhava para a diversidade de seitas que imperam na terra e se acusam mutuamente de erro e mentira, e perguntava: “Qual a boa?” E todos respondiam: “a minha”. E todos diziam: “só eu e meus adeptos pensamos certos; todos os mais laboram em erro”. – “E como sabes que tu que a tua seita é melhor?” – “Porque o disse Deus”. – “E quem te disse que foi Deus quem o disse?” – “O meu pastor, que o sabe bem; disse-me que devia crê-lo, e eu assim o creio, e que mentem os que afirmam o contrário, e eu não lhes dou ouvidos”. Então a verdade não é só uma? Pensava eu. E o que para mim é verdade, pode ser falso para os outros? A escolha é fruto do acaso, seria como castigar ou premiar o fato de ter nascido nesse ou naquele país. Atribuir a Deus semelhantes juízos é ultrajar a sua justiça.
Ou todas as religiões são boas e agradam a Deus, ou só uma que ele decretou para os homens, castigando os que ignoram. Se houvesse uma religião na terra que condenasse à pena eterna os que não a seguissem, existisse um só mortal de boa-fé no mundo, em qualquer país, fosse ele qual fosse, a quem não se revelasse a sua evidência, o Deus dessa religião seria o mais iníquo e cruel dos tiranos.

Busquemos, pois, sinceramente a verdade, sem recorrer ao direito de nascimento ou à autoridade de nossos pais e sacerdotes, mas levando ao exame da consciência e da razão tudo quanto eles nos ensinaram desde a infância. Que ninguém me diga: “Submete à tua Razão”, pois que o mesmo me pode dizer o que está enganando. Para me submeter à razão, necessito de razões. Por minha parte , creio em Deus para não acreditar em apóstolos e em tantos milagres e tão poucos dignos de sua grandeza. Se os milagres, feitos para provar uma doutrina, também requerem provas, para que servem? Que adiantou?

Entre tantas religiões diversas, que se manifestam e se excluem mutuamente, só uma é boa, se alguma o é. Para a reconhecermos, não basta examinar uma só é mister examina-las todas; ninguém deve condenar sem ouvir, seja qual for a matéria; é preciso confrontar as objeções com as provas; saber o que cada um opõe e corresponde aos outros. Para julgar bem uma religião, não basta estuda-la nos livros de seus escritores; é necessário aprende-la em seu país, o que é bem diferente. Cada um tem suas tradições próprias, seus significados, seus costumes, seus preconceitos, que fazem o espírito das crenças, e tudo se deve tomar em consideração para julgar. Quantos países muito populosos não editam livros, nem lêem os nossos! Como julgarão a s nossa opiniões? E nós as suas? Rimo-nos deles, e eles nos desprezam. Todos acham absurdos os cultos de outras nações.

Dir-se-á que esses livros sagrados estão traduzidos. Bela resposta! E quem me garante a fidelidade da tradução, ou sequer se esta era possível? E, se Deus pode falar aos homens, para que necessita de intérpretes? Nunca poderei conceber que esteja nos livros o que todo homem está obrigado a saber, nem que deva ser castigado por voluntária ignorância o que não está ao alcance dos livros nem das pessoas que os entendam. Ou aprenderá esses deveres por si só ou está dispensado de os saber.
Nossos católicos fazem grande alarde com a autoridade da Igreja; mas que adiantam com isso, se, para instituir essa autoridade, precisam de tão grande aparato de provas como as demais seitas para estabelecer a sua doutrina? A Igreja decide que a Igreja tem direito a decidir. Queres autoridade melhor demonstrada? E se saíres daí, cairás em todas as nossas discussões.

Se os turcos nos exigem o mesmo respeito por Maomé, em quem não cremos, que nós exigimos por Jesus Cristo aos judeus, em quem eles também não crêem, procedem mal por isso? E nós procedemos bem? Por que princípio de equidade resolver essa questão? Quantos milhões de homens não ouviram nunca falar de Moisés, de Jesus Cristo, de Maomé? Nega-se isso, porque se diz que os missionários andam por toda a parte. Isso é fácil de dizer. Irão ao Japão (e a China), onde, para sempre expulsos por suas artimanhas, seus predecessores são conhecidos pelas gerações que nascem como meros intrigantes astutos, que ali chegaram com zelo hipócrita para se apossarem suavemente do império? Embora o Evangelho com tantas verdades (e também tão cheio de contradições que repugnam à razão) tivesse sido anunciado em toda a Terra, que provaria isso?

Anuncias-me um Deus nascido e morto há dois mil anos na outra extremidade do mundo, em não sei que pequena cidade, dizendo-me que os que não creiam nesse mistério se condenarão. Eis aqui coisas bastante estranhas para eu nelas crer tão rapidamente sobre a simples palavra de um homem que desconheço. Por que quis vosso Deus que esses acontecimentos se produzissem tão longe de mim e agora me obriga a que por eles me esclareça? Será crime ignorar. Como posso adivinhar que existiu no outro hemisfério o povo hebreu e a cidade de Jerusalém? Seria o mesmo que me obrigassem a saber o que acontece na Lua. Deixa-me ir ver, por favor, esse país distante, onde se operam tantas maravilhas singulares; quero saber por que trataram lá Deus como um facínora. Alegas que não o reconheciam como Deus. E eu, que nunca ouvira falar dele antes de chegares?
Nem os antigos, nem os novos habitantes da cidade em que Deus morreu o reconhecem como tal, e queres tu que o reconheça eu, eu que nasci dois mil anos depois e a duas mil léguas de distância? Não vês que, antes de dar crédito a esse livro, que chamas de sagrado, e do qual nada entendo, deve saber dos outros, e não por ti, quando e por quem foi feito, como foi conservado, como chegou até ti, que razões alegam os que em seu país o rejeitam? Já vês que devo ir à Europa, à Ásia, à Palestina examinar tudo por mim; seria um louco se até então te desse ouvidos.

Donde se conclui que, se há uma só religião verdadeira, que todo homem é obrigado a seguir sob pena de condenação eterna, devemos passar a vida a estudá-las todas, a aprofunda-las, a compara-las, a percorrer os países onde se acham estabelecidas. Ninguém tem o direito de se fiar do juízo alheio.

Que magnífica invenção a de enviar um anjo. Nunca pude conceber que Deus me ordenasse ser sábio, sob pena de me mandar para o inferno. Fechei, pois, todos os livros. Há apenas um que se abre a todos os olhos: o da natureza. É nesse grande e sublime livro que eu aprendo a adorar e a servir seu divino autor. Ninguém pode alegar que não lê, porque fala aos homens uma língua inteligível a todas as inteligências.

Sê sincero e verídico sem orgulho, meu rapaz ... Não importa que te amem ou odeiem, que leiam ou desprezem teus escritos. Dize sempre a verdade e pratica o bem !

Um comentário:

Ivo S. G. Reis disse...

Caro Oiced:
Postei um comentário de 3 parágrafos parabenizando-o pela iniciativa do livro, mas perece que ele sumiu (ou foi para a moderação). Mas, se foi, foi incompleto porque eu não o havia terminado.
Verifique, quando puder, o que ocorreu.