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9 de maio de 2010

DAWKINS - Deus um delírio !

Deus, um delírio, afirma o biólogo
Richard Dawkins

“Deus não poderia ser uma divindade , pois um ser tão complexo e superior ao homem só poderia ter surgido bem depois deste, como conseqüência da evolução, e não antes de todas as coisas” contrariando a teoria de Charles Darwin (1809-1882).

Clinton Richard Dawkins, nasceu em 1941, na capital do Quênia, Nairobi. Apesar de seu pai ter sido convocado para servir na guerra, ele foi criado no leste da África até 1949, quando finalmente mudou-se com a família para a Inglaterra. De 1959 a 1962, Dawkins trabalhou como estagiário de zoologia no Balliol College, em Oxford, onde foi influenciado pelas idéias do biólogo dinamarquês Nikolaas Tinbergen, autor de The Study of Instinct (1951), que foi um dos primeiros biólogos a explorar a natureza do comportamento animal. Tal empenho fez surgir um novo ramo da ciência – a Etologia (Tinbergen acabou ganhando um prêmio Nobel em 1973 pelo seu trabalho. Em 2005 encabeçou a lista da revista Prospect, sobre estudo pioneiro do comportamento dos animais).
Dawkins formou-se em 1962 e partiu para o doutorado sob a direção de Tinbergen, quando então desenvolveu um bom relacionamento com seu tutor. Logo depois, Dawkins foi agraciado com o título de professor assistente de Zoologia na Universidade da Califórnia, em Berkeley (1967-1969). Voltou para Oxford como auxiliar de ensino em Zoologia, e, algum tempo depois, ganhou o título de membro do New College. Em 1997, Dawkins ganhou o International Cosmos Prize e em 2001 o prêmio Kistler, no mesmo ano em que foi eleito membro da Royal Society. Em 2005 encabeçou a lista da revista Prospect, como o maior intelectual , recebendo mais do que o dobro dos votos do que o vice-colocado. Em 2005 a organização alemã Alfred Toepfer Stiftung concedeu o prêmio Shakespeare, em reconhecimento da sua “apresentação concisa e acessível do conhecimento científico”.

Além de sua carreira acadêmica, Richard Dawkins também é intelectual polêmico, com colunas publicadas em jornais britânicos como The Guardian. Suas opiniões estão geralmente voltadas ao papel da religião na sociedade, o qual Dawkins, gostaria de ver diminuído. Ele também é um divulgador da ciência e do pensamento científico, defendendo sempre que a escola e a sociedade em geral, deveriam dar mais atenção a esses aspectos.
Num tempo de guerras e ataques terroristas com motivações religiosas, o movimento pró-ateísmo ganha força e se expande no mundo todo. E seu líder entre outros é o respeitado biólogo Richard Dawkins, eleito recentemente como um dos três intelectuais mais importantes do mundo, junto com Noam Chomsky e Umberto Eco pela revista inglesa.

Autor de vários clássicos nas áreas de ciência e filosofia, ele sempre atestou a irracionalidade de acreditar em Deus, e os terríveis danos que a crença já causou à sociedade. Em “Deus, o delírio”, seu intelecto afiado se concentra exclusivamente no assunto e mostra como a religião alimenta a guerra, fomenta o fanatismo e doutrina as crianças. O objetivo desse texto mordaz é provocar os religiosos convictos, mas principalmente provocar os que são religiosos “por inércia”, levando-os a pensar racionalmente e trocar sua “crença” pelo “orgulho ateu” e pela ciência. Aliás, que também é um dos objetivos desses meus insights profundos da natureza e da mente humana. Dawkins despreza a idéia de que a religião mereça respeito especial, mesmo se moderado, e compara a educação religiosa de crianças ao abuso infantil. Para ele, falar de “criança católica”, “ criança evangélica” ou “criança muçulmana” é como falar de “criança neoliberal” – não faz sentido.
O biólogo usa seu conceito de memes (idéias que agem como os genes) e o darwinismo para propor explicações à tendência da humanidade de acreditar num ser superior. (leia mais em neuroreligião). E desmonta um a um, com base na teoria das probabilidades, os argumentos que defendem a existência de Deus ou Alá (ou qualquer tipo de ente sobrenatural), dedicando especial atenção “design inteligente”, tentativa criacionista de harmonizar ciência e religião. Mas, se é agressivo para expressar sua indignação com o que considera um dos males mais preocupantes da atualidade, Dawkins refuta o negativismo. Ser ateu não é incompatível com bons princípios morais e com a apreciação da beleza do mundo. Em seu livro ele diz:

“O mundo e o universo são lugares extremamente belos,
e quanto mais os compreendemos mais belos eles parecem”.

Dawkins deparou-se com o conceito de genes como unidades de seleção, por influência de W. D. Hamilton. Tradicionalmente a seleção natural é vista como um processo que seleciona os indivíduos mais adaptados; a visão centrada nos genes vai mais profundamente e entende isso como uma seleção indireta dos genes que determinam esse fenótipo mais adaptado nesses indivíduos. Dessa forma, a competição pelos recursos ambientais na seleção natural não se daria apenas entre indivíduos, entre diferentes genes possuídos por esses diferentes organismos. Essa idéia foi divulgada por Dawkins no seu livro de divulgação científica, “O Gene Egoísta”, que acabou trazendo para muitos a imagem de Dawkins como autor dessa visão que seria mais propriamente creditada a W. D. Hamilton.
Dawkins acrescentou mais uma idéia àquela da seleção natural focada nos genes, e essa idéia foi a de que existem “memes”, uma metáfora para caracteres da herança cultural como os genes estão na herança biológica. Esses, memes são, portanto, idéias e costumes que podem se comunicar, cooperar e competir entre si. Genes e memes, de mais a mais, poderiam agir juntos influenciando a sobrevivência e, conseqüentemente, os caminhos da evolução dos organismos. Dawkins supôs que tanto os genes quanto os memes seriam eficientes, já que, de acordo com sua hipótese, são replicadores – são passados adiante (seja entre corpos ou entre mentes), através de suas cópias nem sempre fiéis, o que permitiria mutações. Um meme pode ser um trecho de uma música (que “gruda” nas mentes de quem a ouve), ou mesmo uma religião (que seria considerada um conjunto de memes associados, um memeplexo).

O desenvolvimento do conceito de replicador por Dawkins incluía a idéia de que é insensato pensar na evolução das aves sem reconhecer que elas fazem ninhos, e que é igualmente insensato considerar a evolução dos castores sem reconhecer a vital importância da habilidade herdada por eles em construir barragens e abrigos eficientes. Os organismos possivelmente são organizados para terem corpos e comportamentos determinados largamente pela sua herança genética e, também, nos casos de organismos mais sofisticados, organizados para explorar ou construir objetos úteis para sua sobrevivência, habilidade essa decorrente da herança genética.

Em Biologia, a herança genética de um indivíduo é chamada genótipo, enquanto a aparência física é chamada fenótipo. Dawkins estabeleceu um postulado que associava organismo e artefato (objeto útil produzido pelo organismo) ligado ao código genético do organismo, chamando essa associação de fenótipo estendido. Ele levou adiante seu conceito de fenótipo, estendido para além da associação organismo-artefato e abrangeu também a família do organismo, o seu grupo social e todos os instrumentos e ambientes criados pelo indivíduo e grupo. Sua hipótese pretende explicar muitos fenômenos como uma manifestação física do código genético do indivíduo, que age através do fenótipo estendido.
Para Dawkins, afirma que é inaceitável um cientista ter idéias religiosas, pois o conflito é incontornável.
Monólogo no filme O Sentido da Vida, sobre Dawkins:

“Eles nos criaram, e a preservação deles é a razão última da nossa existência. Percorreram um longo caminho, esses replicadores. Agora respondem pelo nome de genes, e nós somos as suas máquinas de sobrevivência.”


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“Não sou ateu total, todos os dias tento encontrar um sinal de Deus, mas infelizmente não o encontro”

José Saramago



“A ciência tem provas sem certeza.
Os teólogos têm certeza sem qualquer prova.”

Ashley Montagu

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