O QUE É VIVER FILOSOFICAMENTE ?
Uma vida guiada pelo espírito filosófico, a
alternativa mais saudável, moderna e inteligente para acompanhar a complexidade
dos dias de hoje. Consiste em três atitudes básicas que se conseguem apenas com
muito esforço e que não são compatíveis com soluções messiânicas ou “mágicas”.
A PRIMEIRA é dispor-se ao conhecimento de como
funciona o mundo.
A SEGUNDA é encontrar propósitos pelos quais se
possa viver e objetivos que se busque alcançar, ainda que não sejam realizáveis
num prazo curto.
E a TERCEIRA é engajar-se num projeto político de
transformação da sociedade utilizando-se do máximo possível de competência e
instrumental disponíveis. Tais pontos, nessa ordem, levam uns aos outros e não
são realizáveis isoladamente.
OS SABERES a respeito da natureza e do meio
social sempre foram, no que tinham de mais eficaz e essencial, ocultados à
maior parte da população por castas fechadas e dificilmente acessíveis que
sabiam do potencial revelador e sublevador desses conteúdos. A lenda bíblica da
“árvore do conhecimento do bem e do mal” exemplifica bem essa mentalidade: as
pessoas comuns não podem conhecer o que os poderosos conhecem, senão, lhes
seriam proporcionadas as condições materiais e morais para a exigência de sua
libertação e autonomia de ação e de reflexão. Assim, compreende-se que a
importância de descobrir os segredos da mecânica da vida natural e humana é
prover a consciência de informações que lhe permitam fazer julgamentos
ponderados e empiricamente baseados e tirá-la da ignorância a respeito do que a
influencia e cerca. Só se pode alcançar isso com estudos, observações e
leituras muito disciplinados e não por meio da “iluminação”, dos conteúdos
prontos em nossas cabeças por pessoas ou entes superiores; afinal, o sujeito do
processo de conhecimento sempre é um ser humano.
ADQUIRIDO um arcabouço intelectual básico,
pode-se começar a delinear independentemente metas e motivações que sirvam de
guia para a existência; afinal, a principal condição de humanidade é encontrar
um porquê para a vida, já que o cérebro humano não se limita a seguir funções
biológicas instintivas, mas transcende-as e, além de produzir seus próprios
meios de subsistência, também procura, como animal inatamente inconformado, influir
nos acontecimentos que o atingem, abstraindo-os e manipulando essas abstrações.
Tal é o funcionamento da cultura e de todas as suas subdivisões, como a língua
oral ou escrita, a arte, os rituais sobrenaturais, a vestimenta, a música, os
preceitos de convivência e outras manifestações.
POR ISSO se diz que a religião tem como função
dar um sentido ao existir. Mas, como afirmou Sartre, todas as ideologias são
revolucionárias quando nascem e reacionárias quando se consolidam, e a
fraternidade espiritual deu lugar ao abuso de poder e ao fim das discussões por
meio da imposição dogmática. E aí a filosofia encontra seu papel: dar
orientações éticas renováveis e adaptáveis à marcha do progresso e ao
surgimento de novos problemas.
CONTUDO, as aspirações não têm razão de ser se
não se cogita colocá-las em prática, ou seja, buscar a modificação das
estruturas políticas, sociais, econômicas e culturais conforme padrões de
pensamento mais modernos e confortáveis. Obviamente são as necessidades reais
que condicionam as ideias de uma época ou de um lugar, e por isso mesmo, estas
devem voltar ao mundo objetivo e cumprir a função para a qual foram criadas. As
ondas de mudança são inexoráveis, e o pensamento conservador, buscando manter
as estruturas de dominação e privilégio, inculca à maioria da população o
conformismo com a situação presente para que ela aguarde a verdadeira
felicidade de um vindouro “paraíso” ou “época de ouro” após a morte ou num futuro
distante.
A VERDADE É QUE a luta por uma sobrevivência melhor não pode ser
adiada, pertence ao aqui e agora, e exige que todos usem maximamente suas
capacidades, inteligência, energia e força. Tal disposição só pode ser tornada
uma “segunda natureza” por meio de prática e tirocínio incessantes, e é
impossível, como se sabe, levar a cabo essa empreitada se não se domina o
cabedal técnico e lógico legado pelos antepassados, o que, em um ciclo, faz o
retorno ao primeiro ato da vivência filosófica.
OS CIDADÃOS COMUNS, em especial os brasileiros,
estão acostumados por motivos culturais e imposições sócio-políticas a esperar
que as soluções para seus tormentos e as respostas para as indagações que lhes
são feitas, além de prontas, apareçam “caídas do céu”, o que mina o
desenvolvimento do fôlego para a pesquisa e da criatividade e inteligência para
a criação própria. É essa lacuna histórica que uma difusão maior da filosofia
precisa suprir na educação e nas relações públicas, a fim de acabar com as
superstições infundadas e encorajar cada um a tomar seu destino em suas próprias
mãos.
Fonte:
Conhecimento Prático – FILOSOFIA, por Jaya Haria Dias, leia-em:
A religião sob o martelo filosófico ...
O cidadão cedeu seu direito à liberdade ao Estado, enquanto o homem, seu
direito ao autoconhecimento à religião... E por que, até hoje, a religião nunca
promoveu efetivamente a elevação ética e espiritual, do ser humano como
deveria.
Leia
na Web,
O filtro tríplice de SÓCRATES. Tudo indica que as religiões
não têm verdades consistentes, nem certezas irrefutáveis, não dizem bem sobre
tudo o que lhes é antagônico e, o principal,
deixaram de apresentar qualquer utilidade para a solução dos graves problemas
sociais. O filósofo grego estava certo, pois seus pensamentos são grandes
verdades ou indagações até os dias atuais.
De nada adianta saber algo do qual não tinha certeza se era verdade, que
poderia desabonar outrem e que não lhe traria qualquer utilidade. Leia artigo
completo, em: Grandes Filósofos, ou
Aprofunde conhecimentos,
mais sobre BEM OKRI, ou em:
http://livrodeusexiste.blogspot.com/2010/10/capitulo-62-ben-okri-autor-do-livro-in.htmlLivro recomendado:
CARTA A UMA NAÇÃO CRISTÃ de Sam Harris:
Um desafio saudável, para testar a sua crença e que acredita que a fé religiosa pode resolver os problemas do mundo. Leia e forme a sua própria opinião, mas não ignore a sua mensagem. Escrito com franqueza e paixão, com argumentação simples, clara e racional, em defesa da honestidade e humildade do ateísmo.
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