Bíblia – Quem escreveu o Novo Testamento?
(Inspirado por Bart D. Ehrman).
Alunos em seu primeiro curso de nível superior sobre a
Bíblia costumam achar surpreendente que não saibamos quem escreveu a maioria
dos livros do Novo Testamento. Como tantas pessoas podem reverenciar a Bíblia,
achar que é a revelação inspirada de Deus a seu povo, e pessoas comuns nas ruas
e nos bancos das igrejas e ainda assim saber tão pouco sobre ela e nunca
ouviram falar? Será por que a fé não é uma questão de inteligência.
Como é possível? Esses livros não trazem anexados os nomes
dos autores?
Mateus, Marcos, Lucas, João, as epístolas de Paulo, 1 e 2 de
Pedro e 1, 2,e 3 de João?
COMO NOMES ERRADOS PODEM ESTAR LIGADOS A LIVROS DE
ESCRITURAS?
NÃO SÃO A PALAVRA DE DEUS? As escrituras podem contem
mentiras?
Com o tempo, o que foi assustador para mim ver foi ver como
havia poucas provas reais das tradicionais atribuições de autoria que eu sempre
considerara indiscutíveis e como havia tantas evidências de que muitas dessas
atribuições eram erradas. Havia alguns
livros, como os Evangelhos, que tinham sido escritos anonimamente e apenas mais
tarde atribuídos a certos autores que provavelmente não os escreveram
(apóstolos e amigos dos apóstolos). Outros livros tinham sido escritos por autores
que alegavam cinicamente ser alguém que não eram. O Novo Testamento contem
fraudes forjadas, escritos por autores que alegaram falsamente ser apóstolos
para enganar os leitores?
Embora evidentemente não seja o tipo de coisa que os
pastores costumam contar às suas congregações, há mais de um século existe um
forte consenso de que MUITOS DOS LIVROS
do Novo Testamento, NÃO FORAM ESCRITOS PELAS PESSOAS CUJOS NOMES ESTÃO
LIGADOS A ELES. João, não escreveu João, Mateus não escreveu Mateus...
Mas, se isso é verdade, QUEM OS ESCREVEU?
Então vejamos com quem está a verdade, pois detesto mentiras
e falsidades.
QUEM ESCREVEU OS EVANGELHOS?
Conforme Bart D. Erhman, um dos maiores especialistas em
estudos bíblicos e origens do cristianismo. É Ph.D em teologia e professor de
estudos religiosos nos EUA, autor
De “O que Jesus disse? O que Jesus não disse?, e “ O
problema com Deus” e mais de vinte livros.
OS EVANGELHOS COMO RELATOS DE TESTEMUNHAS
- Como já vimos, os Evangelhos estão repletos de pequenas e
grandes discrepâncias. Por que há tantas diferenças entre os quatro livros?
Eles são chamados de Mateus, Marcos, Lucas e João porque se
convencionou acreditar que tinham sido escritos por Mateus, um discípulo que
era coletor de impostos; João, o “discípulo amado” mencionado no quarto
Evangelho; Marcos o secretário do discípulo Pedro; e Lucas, o companheiro de
viagem de Paulo. Algumas das coisas que ele diz sobre os ensinamentos e as
viagens de Paulo estão em contradição com que o próprio Paulo diz em suas
epístolas (essa é uma das razões para pensar que o livro não foi escrito por um
dos companheiros de Paulo). ESSA TRADIÇÃO remonta A UM SÉCULO APÓS OS LIVROS
TEREM SIDO ESCRITOS.
MAS, se Mateus e João foram escritos por discípulos reais de
Jesus, por que são diferentes, em todos os níveis?
POR QUE CONTÉM TANTAS
CONTRADIÇÕES?
Por que apresentam visões tão fundamentalmente distintas
sobre quem Jesus era?
Mateus e Lucas não chegam a um acordo sobre o Nascimento Virginal ou a genealogia de
Jesus.
Eles se contradizem completamente na “Fuga do Egito”, com
Mateus dizendo que José foi “avisado em um sonho” a fugir imediatamente e Lucas
dizendo que todos os três permaneceram em Belém até a “purificação de Maria de
acordo com as leis de Moisés”, o que demoraria quarenta dias, e então
retornaram a Nazaré através de Jerusalém.
O Evangelho de Lucas afirma que o nascimento milagroso
ocorreu em um ano em que o imperador César Augusto ordenou um censo com
objetivos fiscais, e que isso aconteceu na época em que Herodes reinava na
Judéia e Quirino era governador da Síria. Isso é o mais perto da triangulação
de datas históricas as que qualquer autor bíblico já chegou. MAS Herodes morreu quatro anos “a.C.”, e durante seu reinado o governador da
Síria não era Quirino. Nenhum historiador
romano faz menção a qualquer censo de Augusto, mas o cronista judeu Josefo
menciona um que ocorreu – sem a exigência custosa de que as pessoas retornassem
ao seu local de nascimento e seis anos após o suposto nascimento de Jesus.
ISSO, evidentemente, é uma reconstrução oral truncada realizada em um momento
consideravelmente posterior ao “fato”.
Os escribas não
conseguem sequer concordar sobre os elementos míticos: eles discordam
abertamente sobre o Sermão da Montanha, a unção de Jesus, a traição de Judas e
a obsedante “negação” de Pedro. AINDA,
MAIS CHOCANTE, eles não conseguem produzir um mesmo relato da Crucificação ou
da Ressurreição. Assim, a única interpretação que temos de descartar é
simplesmente a de que todas as quatro tem mandado divino. O livro no qual todos
os quatro podem ter se baseado, especulativamente conhecido pelos estudiosos
como “Q”, se perdeu para sempre, o que parece algo claramente descuidado da
parte do deus que alegadamente o “inspirou”.
Em Mateus, Jesus passa a existir quando é concebido, ou
nasce, de uma virgem;
Em João, Jesus é o Verbo de Deus encarnado que estava com
Ele no princípio e por intermédio de quem
o Universo foi criado.
Em Mateus, não há uma só palavra sobre o fato de Jesus ser
Deus;
Em João, ele é exatamente isso.
Em Mateus, Jesus prega o futuro Reino de Deus e quase nunca
fala sobre si mesmo ( e nunca que é divino);
Em João, Jesus, prega quase exclusivamente sobre si mesmo,
especialmente sua divindade.
Em Mateus, Jesus se recusa a operar milagres para provar sua
identidade;
Em João, essa é praticamente a única razão para ele fazer
milagres.
Será que dois seguidores reais de Jesus poderiam ter
compreensões tão radicalmente diferentes sobre quem ele era?
É possível. Duas pessoas que trabalharam no governo George W.
Bush podem muito bem terem visões
radicalmente diferentes sobre ele (embora eu duvide de que qualquer uma
delas o chamasse de divino). Isso levanta uma importante questão metodológica
que quero apresentar antes de discutir as evidências para a autoria dos
Evangelhos. Quando Jesus chegou a Jerusalém na entrada triunfal, quantos
animais ele montava? A resposta em Mateus 21:7. Jesus paga o imposto: Dinheiro
saindo da boca de um peixe?
Quando são oferecidas duas explicações, é preciso descartar
aquela que explica menos, explica nada ou que produz mais perguntas que
respostas.
POR QUE SURGIU A TRADIÇÃO DE QUE ESSES LIVROS FORAM ESCRITOS
POR APÓSTOLOS E POR COMPANHEIROS DOS APÓSTOLOS?
Em parte de modo a garantir aos leitores que eles foram
escritos por testemunhas oculares e companheiros das testemunhas oculares.
Uma testemunha ocular merece a confiança de que iria contar
a verdade sobre o que realmente aconteceu na vida de Jesus. MAS A REALIDADE É
QUE não é possível confiar em que as testemunhas ofereçam relatos
historicamente precisos. ELAS NUNCA MERECERAM CONFIANÇA E AINDA NÃO MERECEM.
Se testemunhas oculares sempre fizessem relatos
historicamente precisos, não teríamos a necessidade de tribunais. Quando
precisássemos descobrir o que realmente aconteceu quando um crime foi cometido,
bastaria perguntar a alguém. Casos reais demandam muitas testemunhas, porque
seus depoimentos diferem entre si. SE DUAS TESTEMUNHAS em um tribunal
divergissem tanto quanto MATEUS e JOÃO, imagine como seria difícil chegar a um
veredicto.
A VERDADE É QUE todos os Evangelhos foram escritos
anonimamente, e nenhum dos autores alega ser
uma testemunha.
Há nomes ligados aos títulos dos Evangelhos (“o Evangelhos
segundo Mateus”, mas esses títulos SÃO ACRÉSCIMOS POSTERIORES aos próprios
livros, conferidos por editores e escribas para informar aos leitores quem os
editores achavam que eram as autoridades
por trás das diferentes versões. Que os títulos não são originalmente dos
Evangelhos é algo que fica claro com uma simples reflexão. Quem escreveu Mateus
não o chamou de “Evangelho segundo Mateus”. As pessoas que deram esse título a
ele estão dizendo a você quem, na opinião delas, o escreveu. Autores nunca dão
a seus livros o título de “segundo fulano”
ALÉM DISSO, o Evangelho de Mateus é inteiramente escrito na
terceira pessoa, falando sobre o que “eles” – Jesus e os discípulos – estavam
fazendo, nunca sobre o que “nós” – Jesus e o restante de nós – estávamos
fazendo. Mesmo quando o Evangelho fala sobre Mateus ser chamado a se tornar um discípulo,
fala sobre “ele”, não sobre “eu”. Leia você mesmo o relato (Mateus 9:9). Não há
nada nele que leve a suspeitar de que o autor fala de si mesmo.
Isso fica ainda mais claro em João. No fim do
Evangelho, o autor fala do “discípulo amado”: “Este é o discípulo que dá
testemunho dessas coisas e foi quem as escreveu: e sabemos que o seu testemunho
é verdadeiro (João 21:24). Observe como autor se diferencia de sua fonte de
informações, “o discípulo que dá testemunho” e ele mesmo: “sabemos que o seu
testemunho é verdadeiro” Ele/nós: este autor não é o discípulo. Ele alega ter
recebido algumas de suas informações do discípulo.
Quanto aos outros Evangelhos, Marcos não seria um discípulo,
mas um companheiro de Pedro, e Lucas era um companheiro de Paulo, que também
não era um discípulo. MESMO QUE ELES TIVESSE SIDO DISCÍPULOS ISSO NÃO
GARANTIRIA A OBJETIVIDADE OU A VERACIDADE DE SUAS HISTÓRIAS. MAS NA VERDADE
NENHUM DOS AUTORES FOI TESTEMUNHA, E NENHUM DELES ALEGA TER SIDO.
https://rebeldiametafisica.wordpress.com/2013/01/23/por-que-os-estudos-biblicos-devem-terminar-introducao/
QUEM, ENTÃO, ESCREVEU ESSES LIVROS?
2 comentários:
Você bem sabe que as pessoas acreditam na quilo que nossa mente limitada pode compreender, limitamos em compreender somente o que fomos nós enresinados em uma ideologia. E mas fácil acreditar naquilo que podemos compreender e conhecemos do que da quilo que não conhecemos e foge da nossa compreensão.
Bíblias:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Exegese_b%C3%ADblica_(teologia)
https://pt.scribd.com/document/37751168/Colecao-Fabulas-Biblicas-Volume-4-As-Historias-Mais-Idiotas-da-Biblia
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